Saiba: “O homem não é dono da História. Tudo o que você aprendeu comigo, você tem que passar adiante. Caso contrário, não terá valido a pena”.

Orlando Villas Boas [sobre o que aprendeu com os povos originários], 1989

Em Histórias para se contar em volta do fogo, vamos retomar o ritual ancestral de tradição da partilha da oralidade em volta de um elemento comum, representado pelo fogo.

As histórias compartilhadas em volta da fogueira tomam corpo na voz de Renato Soares, que há 39 anos documenta as diferentes formas de expressão cultural das etnias indígenas brasileiras.

A importância da oralidade

Muito antes da invenção da escrita, foram as palavras faladas que sustentaram o tecido das sociedades humanas. A oralidade é a forma mais ancestral de transmissão de saberes, e, durante milênios, foi através dela que os povos preservaram sua história, mitologia, espiritualidade e ensinamentos práticos para a vida.

É em volta do fogo, da árvore, do tambor, do chão batido — em roda — que se compartilham as histórias que curam, os mitos que explicam o mundo, os conselhos que orientam o viver. Essas rodas, muito além de eventos sociais, são rituais terapêuticos, espaços de elaboração emocional e de escuta profunda, onde o indivíduo se reconhece como parte do coletivo.